quinta-feira, julho 13, 2006

Preciso...

Preciso escrever. Preciso escrever por você. Preciso escrever porque o que invade meu peito agora não é dor, não é agonia. Não me lacera, não me machuca. Nem mesmo me abala. Mentira. O que sinto agora me explode, me confunde, me alucina. O que sinto me estremece, o que sinto agora me leva ao chão.
Eu sinto a tua pele.
Eu sinto teus braços, sinto teus lábios, teus tão maravilhosos lábios. Sinto o estremecer do teu corpo junto ao meu, o sonido dos nossos corações. No brilho dos teus olhos eu encontro o suave alivio de uma primavera, de uma eterna primavera, que me conforta no calor do teu toque.
Nos teus beijos esqueço o mundo. E não haveria de precisar mais nada.
A tênue luz daquela única vela ilumina os doces contornos do teu corpo, perfeito. E as curvas se formam e desformam com o flamejar. Seus pés, suas pernas, suas coxas, cintura, barriga, seios, costas, beijos. Teus cachos que, soltos, caem sobre tuas costas, nuas, pálidas. “Think happy thoughts!”.
O que me leva ao chão é teu peso, que me acompanha. Que se deita sobre mim.
O que me estremece é teu amor, é meu amor. É nossa paixão. Eterna, linda, nossa.
E o que me detêm aqui, é, simplesmente, à vontade do seguinte.
Infinitas iuncutus.

Rodrigo S.S.

sexta-feira, julho 07, 2006

Da menina que dança

Ela dança. Movimentos rápidos, perdidos nos espaço. Dança. Sente-se energicamente livre, e é por isso que dança, livre. Seus cachos dançam com ela, se perdem nos mesmos espaços vagos, na mesma liberdade, e ela dança, não para, não respira, não vê. Os olhos fechados só sentem, o ritmo, batida, forte, sentem.
Eu observo, observo a beleza de cada detalhe. Observo seus olhos, fechados, lindos. O fechar provocante, uma negação a correspondência dos meus olhares, sempre tão perdidos. Paixão, amor, perdidos, olhos, negação, provocação, dança. A coragem de levantar me foge, sempre me fugia, e eu olhava, era tudo que podia fazer, olha-la, ali, linda. Estúpida covardia.
Ela dançava. Ausente aos meus ressentimentos, ausente aos meus olhares, ausente de si, de mim, de todos, ela dançava. Figuras de seu corpo, perfeitas, sempre perfeitas. Queria entende-la. Queria entender porque dançava. A angustia da minha ignorância rasgava cada um de meus amores por ti, todos teus, e; mesmos rasgados nunca destruídos, sempre recompostos nas mais doces palavras, nos mais doces beijos.
Queria eu poder entender a menina que dança. Queria eu, poder levantar daqui, beijar-lhe a boca, tocar-lhe a face. Não ouso, não ouso para-la, jamais poderia.
E longe de meus pensamentos ela dançava, os olhos ainda fechados, e quem seria eu para abri-los? Quem seria eu para faze-la deitar-se comigo. Abraçar-me na eternidade de nosso amor, na eternidade de Meu amor. Sempre seu, sempre teu. E no torpor da dança ela beija, beija sua felicidade, beija seus movimentos, seus tão maravilhosos sentimentos.
Queria eu os lábios. Como queria eu aqueles lábios, só meus, sempre meus. Mas não os merecia, sempre tentará, sempre em vão, minha amada.
Ela me nega os olhares, me nega os braços, me nega os beijos, me nega o corpo, me nega a dança. E no cansaço de minhas tolas tentativas ela dança.
Mas eu não poderia deixar de olha-la, a visão já tão embaçada pelas lagrimas, que confundem seus contornos, confundem seus gestos. Não confundem o sorriso, não confundem a pequena alça da blusa que se deixa cair. Tudo pensado, tudo sempre tão bem pensado.
E mesmo as lágrimas não me dão força. Preciso contar-te meu amor, mesmo que seus olhos continuem fechados, preciso que saibas que meu amor por ti estilhaça meu peito nas noites em que danças, nas noites em que dormes, tão distante dos meus baços, tão distante dos meus lábios. Preciso que saibas que é só por ti que ele existe, que é só por ti que rabiscos essas folhas amassadas.
Seus olhos finalmente se abrem. Despertando de suas fantasias, olha os lados. Pessoas perdidas em suas próprias loucuras dançam, catam, beijam, amam. E na duvida de tudo aquilo você dança e olha e dança.
E eu cedi. Sempre cedia. Calado me deito, e calado fecho os olhos, largo a meu lado tuas fotos, de momentos teus, que queria meus, apenas e por egoísmo, meus. Largo a caneta, as folhas, os versos. Agarro-me as lágrimas e espero que qualquer sono shakespeariano venha predizer minha morte, novamente minha morte, milhas distante dos teus braços.

Rodrigo S.S

“o sono é o prelúdio da morte” (Hamlet – Shakespeare)
Eu te amo! Sempre!

sábado, julho 01, 2006

No fim: o princípio

(...)
Que as asas de um anjo me levem bem além e, que depois dele eu encontre o princípio da vida. Que fique impresso em folhas de um amor platônico impregnado em um livro sem começo e sem final. E que por isso mesmo não encontre barreiras...
Que seja o simples amor pela vida e por tudo de bom que ela pode nos oferecer... que seja o simples amor por tudo que é belo... por tudo que nos remete a beleza do simples ser-humano... e que por si só consiga deixar de ser humano para ser único e ser simplesmente belo!
Mas que seja amor.
E que a beleza de uma vida possa nos retroceder ao fim, e mesmo lá haver belo. E o que haveria de ser mais belo que o próprio fim quando nele se encontra o começo? O fim de um beijo num olhar, o fim de um abraço num beijo e de um olhar num gemido.
Mas que seja amor.
Que seja, antes de tudo, e infinitamente, amor. Que não exista, no fim, a duvida do começo, o alivio da chegada. Que aja a curiosidade da partida. Que o luto de um verso venha sempre começar a mais bela estrofe, ainda que em lagrimas, bela.
E que seja simplesmente bela.
Que não seja por seus lindos olhos de anjo, nem pela maciez da pele que encontra a minha em um simples beijo... Que não seja pela energia que incorpora minha alma e nem pela felicidade que me transborda... Que seja por nada... Que eu não encontre motivos para amar e mesmo assim ame. Que eu não veja mais razão em seus movimentos e mesmo assim fique a acompanhar seu andar suave sobre uma nuvem qualquer...
E que também sem motivo nosso amor persista, no meu andar suave junto ao seu, sem motivos. Que o amor sem motivo possa ser nosso único amor.
Mas que seja amor.
Que sejam beijos de abraços de olhares de gemidos.
Que os olhares sejam motivos... mas que não façam a menor diferença por que mesmo que não me olhes, que eu possa te sentir... que seja algo que vem de mim e de dentro como se nada pudesse retirar das minhas entranhas o teu perfume... eu te sinto... mais do que sinto a mim mesmo. Te sinto ao meu lado quando deito, sinto seu lábios nos meus, sinto sua pele esquentar a minha, e para mim basta. Meu amor é seu, infinitamente seu, e para mim basta.
Basta que saibas isso, basta que saibas que quando sonho, é com tua face, que quando beijo é a tua boca, que quando penso, é no teu corpo, e quando choro, é por ti.
Que minhas lágrimas levem com elas a minha dor... Que é tão minha e mesmo assim tão tua que só tu poderias tirá-la de mim... Por que és tu que me inspira e que me agonia a cada melancólico por-do-sol... Tu que se esconde, por mais que eu corra e procure serei sempre obrigado a te esperar, que como uma estrela apareça novamente pra mim.
E que quando apareças tragas contigo teus beijos, teu corpo, para que eu novamente possa amar-te, ainda que sem motivo, amar-te.
Para que possamos sempre começar, do principio ou do fim...não importa...apenas começar.
Que seja simplesmente belo. E que seja amor.

Rodrigo S.S & Ana terra Antunes Pagliuca

terça-feira, junho 27, 2006

o primeiro

o primeiro post, espero que venham muitos. Um texto que eu escrevi junto com uma amiga minha:

De um sorriso simples, de amor singelo, de palavras vãs, de gestos perdidos em espaços vagos... Das lágrimas derramadas... Nada mais... E ao mesmo tempo tanta coisa... de dois amantes, de dois afetos, nada mais, e tanto quanto poderiam amar-se... tantas lembranças... nada mais...
De um sonho... um soneto, um suspiro, um lírio entre as rosas cálidas. A dor entre o perdão, presa em agonia, liberta em palavras. Liberta em versos...

Será que posso mesmo sentir tudo isso???... que não se explica... que não se entende... mas que sinto como uma dor que rasga meu peito... que passa cegando meus olhos e me roubando os sentidos... que me deixa... e mesmo assim nunca me abandona...
E como não senti-lo? O inexplicável torpor que põe, nua, sobre ti, minha alma. Que cala minha vontade, a entrega em teus braços, prende-me em teus olhos. Mas ao mesmo me liberta de tal forma... como se pela primeira vez eu sentisse o vento a me soprar aos ouvidos... coisas que só ele mesmo entende... uma música... que confunde, que perturba... que machuca... e que me faz temer por mim... por nós...
Será mesmo que não há nada que eu possa fazer para parar o tempo? Naquele exato momento em que a brisa me amparava e as nuvens ainda não me deixavam tocar o chão??... eu podia mesmo voar...
No seu deleito nasceria o meu, no seu sorriso, no meu amor. E no incessante soprar dos ventos seus lábios encontrariam os meus e lá ficaríamos, no zelo de nosso amor proibido. Mas o vento para, as flores se tornam drogas, o beijo torna-se lembrança.
Talvez por que as rosas nem sempre sejam rosas... Talvez por que o sol não mais nasce ao leste... Pois o “pra sempre” é relativo como o tempo, e como ele padece com as horas e com os anos que vão ficando pra trás... As mesmas mãos não mais se encontram no breu do caminho para casa... As árvores não mais acolhem os mesmos amantes... A lua não mais ilumina o mesmo olhar...
O medo me confunde, não distingo o amor da fantasia, o paraíso esta na palma de minha mão, mas você não esta nele. Você é a adaga encravada em meu peito, que na dor me guia sempre ao mesmo bosque e eu simplesmente não posso suportar a dor.
Talvez se eu fechasse meus olhos, você estaria comigo, se eu fechasse meus olhos, você os fecharia comigo e a tudo mais iria embora. E se não os abríssemos nunca mais? Seria possível, a imagem tornar-se real? Se pudéssemos caminhar novamente de mãos dadas... Se nossos pés pudessem... Tocar aquela mesma areia úmida das ondas que vem... e vão... e vem novamente... Sem se importar se os dias passam, se as nuvens cobrem o céu... O mar nunca é o mesmo, mas as ondas continuam a ir e vir... Como a vida que da voltas em si mesma, apenas para unir o que o acaso separou...
E ficaríamos ali, na eternidade da fantasia, na eternidade do amor. Agora juntos, e de uma vez, para sempre. E se a eternidade se mostrasse breve, abraçaria seu corpo, beijaria sua boca, e, novamente, fecharíamos os olhos, de uma vez, para sempre.
Mas seus olhos recusam-se a fechar, sua boca me nega o beijo, seu coração me nega amor. E toda a fantasia de súbito torna-se algo tão inatingível como um sonho realmente é... Apenas um sonho, essencial como um sonho, mas, ainda assim um sonho... Tão irreal como um sonho tem de ser...

Rodrigo S.S & Ana terra Antunes Pagliuca